segunda-feira, junho 27, 2005

«Nós, os povos das Nações Unidas...»


O Presidente Nixon anuncia que tropas do Vietnam do Sul e dos Estados Unidos invandiram o Camboja em Abril de 1970.


O ano de 1945 não foi só o ano da Assinatura da Carta das Nações Unidas na Conferência de São Francisco (26 de Junho) que se oficializou a 24 de Outubro na criação da ONU (Organização das Nações unidas).
«Preservar as gerações futuras do flagelo da guerra e reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade dos direitos dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas», era o que se dignificava textualmente - e sem concessões - para uma espécie de cidadania mundial e futura "concordata" entre países.
No entanto, o mesmo ano revelou que o contributo ideológico de Franklin Roosevelt era frágil e prematuro. A determinação americana para a consolidação da paz não era menor que a ambição de supremacia militar e estratégica do novo mundo ainda débil da II Guerra.
Logo a seguir, a 6 Agosto, os Estados Unidos lançam a bomba atómica sobre a cidade de Hiroxima e Nagasaki, tornando-se inevitável o aniquilamento económico do poderoso Japão.
Um mês apenas, para esquecer o «conceito mais amplo de liberdade» inspirado pelo filho pródigo nova-iorquino e estabelecerem-se sentimentos outros e bem contrários aos «de praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros».
Não é de espantar a desconfiança generalizada em qualquer iniciativa reformista do Tio Sam.
60 Anos depois, entre as várias propostas de actualização para a ONU, a dos Estados Unidos concentra - mais uma vez - as suas atenções para "a redução dos países membros em participação e decisão de veto para o número de 20", ou seja, a antítese da Carta das Nações Unidas.
O atropelo ao fundamental da Carta das Nações Unidas e ao seu valor maior - o que impera para e de todos - através do domínio de minorias criteriosamente selecionadas que resvalam sempre para o assento americano e dos seus aliados.


§


Postscriptum
- A 23 de Novembro de 1946 começa a guerra da Indochina, com o bombardeamento americano do Porto de Haiphong;
- A 14 Abril de 1949 surge a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma organização internacional militar.
A Aliança Atlântica foi criada no contexto da Guerra Fria e com o objectivo de constituir uma frente oposta ao bloco comunista, que poucos anos depois lhe haveria de contrapor o Pacto de Varsóvia.
Desta forma, a NATO reforçava o poder político-militar e os estados signatários deste tratado comprometiam-se, sem excepção, á cooperação estratégica para a manutenção do tempo de paz e á obrigação do auxílio mútuo em caso de ataque a qualquer dos países-membros.

1 Comments:

Blogger l said...

Olha, a seis de agosto os Estados Unidos ainda estavam em guerra. Se é discutível a opção da bomba nuclear na circunstância (ainda hoje se debate aquela indizível escolha) também é verdade que, no plano da diplomacia, já trabalhavam na paz (daí a criação da ONU) e nisso não estavam sozinhos. Não entendi, depois, a finalidade da enumeração de datas de intervenções militares americanas no mundo. Elas eram simultaneas a um teatro que, como tu dizes, tinha dois lados. Quando mostras a foto do Nixon a tornar publica a invazão do Cambodja em 1970 é porque este país já era a principal base de ataque do vietname do Norte desde, pelo menos 1967. Era guerra, rapariga. Não percebi onde queres chegar. À condenação do imperialismo americano? Pois ele havia, sim senhor,e era o espelho de um outro.

Na época eram precisos dois para o tango. Agora a dança é outra.

10:13  

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