A Menopausa não é uma doença, é a (dis)função dos ovários que determina apenas um estágio na vida da mulher. Um mecanismo biológico que não tem idade predeterminada, apesar de ocorrer normalmente entre os 45 e os 55 anos.
Uma função natural para a retroactividade sexual e a defesa saudável e adequada da reforma definitiva dos ovários que fecham a torneira ás hormonas de estrogéneo e progesterona.
Não há relação directa entre a menopausa e o fim do ciclo sexual feminino, nem tão pouco existe relação entre a sua chegada e uma nova desenvoltura com o corpo íntimo. Apesar dos afrontamentos de calor e suores que não se revêem no roupeiro, da ansiedade fustigante da porta empenada, da irritabilidade ditadora para o desgraçado do marido ou do aumento indisfarçável dos n.ºs das camisolas que não disfarçam o volume da barriga e das mamas, é certo que quem de sexo gostava e fazia, CONTINUA A FAZÊ-LO e quem dele se mal abastecia, CONTINUA A TÊ-LO PARCO.
O que há de novo e importante para duas “menopáusicas” que motive a publicação de 270 páginas cozinhadas com correspondência pessoal trocada por ambas?
Segundo a editora trata-se da «partilha de experiências, sentimentos e dúvidas com liberdade entre duas amigas urbanas e independentes, assustadas e animadas pela própria coragem e, tantas vezes, castigadas ou fortalecidas por uma inquebrantável crença na vida e no seu mistério».
Hummmmmm…
Conseguirá Rita Ferro, autora de romances como “O Vestido de Lantejoulas”, “A Menina Dança” ou “Retrato de Uma Família”, abordar com humor e inteligência a vulgaridade em que se transforma o seu sexo?
Romantizar a figura desfeminizada pelo peso galopante, a queda de cabelo descontrolada que não acha um chapéu do Louis Vutton que a disfarce ou a técnica Laser de Diodo para a depilação definitiva dos pêlos que nunca acabam?
Conhecem donzelas com acne?
Será o humor depressivo, a tristeza enjoada consequente da perda de confiança no espelho marital que nos diz pouco convencido «claro, que estamos óptimas…» ou as falhas de memória todos os santos dias, condimentos plausíveis para a economista Helena Sacadura Cabral fazer sobre a menopausa reflexões brilhantes de uma imoralidade mais que merecida perante a nefasta e economicista sexualidade que perdeu a indecência pecaminosa?
Conseguirão duas “menopáusicas” de linhagem pública e creditada editar 270 páginas de pergaminhos pornográficos e lavoures libidinosos?
Estas autoras, perólas da literatura ficcional politicamente correcta e de etiqueta, teriam que abraçar a obscenidade do seu corpo que renegou para todo o sempre a fertilidade sedutora e a sensualidade expontânea.
Fazerem-se arrogantes ao sexo com classe e diplomático para dissertarem genuinamente sobre os contratempos da libido e do desejo desavergonhado que se esqueceu delas.
Mostrarem-se fiéis a nova revolução feminina que adivinha fronteiras delicadas e atreve-se a um novo culto do corpo e seus fluidos, ou seja, um verdadeiro espectáculo de criatividade sexual que não é qualquer um que esboça genialmente em parágrafos desbocados e verdadeiros!!!!!
Conseguirão??????
«A nossa diferença, minha querida Rita, reside na perspectiva. Tu tentas acreditar no milagre. Eu não acredito. Porque sei que, para ele acontecer, eu precisava de ser outra pessoa, e, mais grave ainda, eu não quero ser outra pessoa. Porquê, se isso talvez me permitisse ser mais feliz? Porque eu gosto de ser como sou e sei que, se me modificasse em função do ser amado, mais tarde ou mais cedo, fá-lo-ia pagar a pretensa transformação.» Helena Sacadura Cabral
«É verdade que o amor me transformou, mas agradeço-lhe! Na impossibilidade de vergar o outro à minha vontade e à minha necessidade – tu conheces o poder que as mulheres têm para descaracterizar um homem, segundo as suas conveniências -, dei comigo a transformar-me pouco a pouco. Com uma diferença: em vez de ser humilhada, ou, pior que isso, vencida, noto que me fiz melhor pessoa. Mais sólida, mais serena, mais generosa, mais liberta. Mais Alegre.» Rita Ferro
Hummmmmmm, parece-me que não tiveram essa coragem……
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