O post atrasado do editorial pró-americano de 11 de Março
Um editorial (artigo que reflecte a orientação da publicação e define os seus princípios orientadores) vêm dizer que o «radicalismo da Esquerda» (porque é que não dizem logo que o PS é de direita?) «se deslocou para o centrismo das ideias vazias e ameaça agora a política externa portuguesa que sempre viveu num consenso de sensatez» (consenso minoritário diria antes) e «arrisca-se a constituir um manual para um país que se queira transformar numa espécie de Coreia do Norte com gravata» (o Freitas era maoista?) «mas sem bomba atómica» (estranho, até o franceses produzem energia atómica e ainda assim ninguém se parece...).
Diz ainda que «apoiámos os americanos quando era difícil» e a sociedade portuguesa não o desejava (isto digo eu) e que «vamos afastar-nos deles» (porque não? A itália e a Inglaterra não o fizeram em salvaguarda do que lhes restava da sua honra e moralidade?) «quando se prova que tínhamos razão».
Qual razão? A do Relatório nuclear que nunca existiu ou a da ONU que condenou, juntamente com a maioria dos representados, as várias investidas militares de carácter duvidoso?
«Os próximos quatro anos são o tempo que duram os governos de George W. Bush e de José Socrates - é tempo de mais para Portugal ficar fora do arco de interesses americanos».
Um parágrafo demasiado curto para revelar o que está verdadeiramente em jogo, mas suficiente para não deixar dúvidas sobre o seu posicionamento político e o que entendem da autonomia nacional no mapa das futuras soberanias árabes de democracia ocidentalizada.
Sabendo nós que "interesses americanos" implicam a priori a secundarização dos outros interesses envolvidos (em especial os bélicos e de defesa) é, no mínimo, incómodo e curioso que a 11 de Março, um ano depois da tragédia madrilena, uma direcção reclame cumplicidades pró-americanas para futuros dividendos de vaidade colaboracionista.
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