terça-feira, março 08, 2005

A desmistificação do CDS e de Sócrates

- Estou?????
- Estou?
- Pai????
- Sim...
- Já ouviste as notícias? Já tens Ministro da Administração Interna!
- O Freitas do Amaral.
- Pai????? O Freitas fez
bluff ou está a governar-se agora que o CDS lhe virou as costas?
- Bom... já não é o mesmo político. Talvez a presidência da ONU lhe tenha desmistificado a Direita doutrinária que o CDS (não)representa... o partido fragilizado pelo voto volátil e precário da classe baixa urbana... o abandono dos teóricos democratas-cristãos vandalizados pelo Paulinho das feiras... a aproximação ideológica aos sociais-democratas cujo acção política está presa às idiossincrasias dos valores da sua Nova Geração e do corporativismo regional dos Velhos.
- Pai????
- Sim...
- E o Sócrates? O que pretende ele então neste novo estadista?
- Bom... o Sócrates é da nova vaga europeísta... e quem ganhou as eleições não foi o PS, foi o Sócrates. O Sócrates, uma equipa de quadros sem compromissos de filiação e técnicos independentes das cumplicidades partidárias... A direita, poder-se-á dizer, está a entrar num novo ciclo histórico e preparam-se as fundações para novos partidos a médio e longo-prazo... no PSD, no CDS, no PS...
- Pai????
- Sim...
- Então a nova "moda" conceptualista de trocar as voltas à Direita e à Esquerda justifica-se?
- Bom... historicamente a Esquerda será sempre personificada pela classe baixa e a Direita pela classe alta, independentemente da expressão que tiver por cada época.
- Mas... e a classe média?
- Bom... é inevitável reconhecer que é o seu desenvolvimento, ou melhor, metamorfose, que vem reforçar a necessidade de esclarecer as fronteiras.
A classe média deixou de cingir-se à minoria de indivíduos com formação académica, suburbanos de médio e alto poder de compra ou pequenos e médios empresários.
É, nos dias de hoje, o cidadão em geral: uniformizado e herdeiro da qualidade de vida moderna (mesmo que precária) que já não tem nada a ver com as características do "antigo" trabalhador, mas também não é forçosamente um quadro abastado e uma "elite" definida.
- Então é a classe média que compromete o universo simples dos que economicamente terão sempre "falta" de (classe Baixa) e dos que tradicionalmente se devem obrigar a colmatar essa carência porque dominam os instrumentos sociais que têm esse poder (classe Alta)?
- Bom... é uma simplificação, sim. O problema é que temos uma "falsa" Classe Média. Temos sim, na verdade, uma grande Classe Baixa que alterna entre períodos de grande desenvolvimento consumista, que se confunde com bases económicas reais, e entre períodos de estagnação económica, que produzem crises sociais muito profundas no imediato.
- Que grande chatice!
- Pois é...