No dizer adeus é que está a 'coisa'
O convidado despede-se da festa:
- Foi muito bom, obrigado.
O Presidente termina o discurso e acena à multidão:
- Muito obrigado. Foi muito bom estar connvosco.
No restaurante o freguês dirige-se ao chefe dos empregados fazendo questão em dizer:
- Gostei muito, até à próxima.
O amante pela manhã encurralado na intimidade da envolvência consequente do sexo:
- Foi bom, não foi? Gostei muito mas tenho que ir!
Estes homens são todos e ninguém, mas alguns... Os que desfolham os afectos com gestos meigos até nos encontrarem a seiva íntima e a seguir a deixam perdida nos braços e na pele desperta que teimamos em apaziguar...
Deles fica a memória de se ouvir muito perto e sentir muito longe ao mesmo tempo:
- Foi bom... não foi?
No dizer adeus é que está a 'coisa': o reconhecimento do efémero ou a intenção da sua continuidade. Se não o interpretamos podemos ficar à toa.
Dizer adeus tem modos próprios como um aperto de mão:
- seco é o mesmo que nos 'mandarem à merda';
- morno é politicamente correcto;
- e húmido só prova de duas coisas: sudação excessiva dos membros superiores ou fogosidade indisfarçável.
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