segunda-feira, março 21, 2005

O acento baralhado e teimoso, ora à (´) esquerda, ora à (´)direita

Nas últimas semanas os posts revelaram na escrita avarias nos acentos "graves" e "agudos" e consequentemente um corpo narrativo minado por uma aparente esquizofrenia gráfica.
"Harmonias de pronúncia", "consonâncias de negação", "concordâncias de verbo e sujeito", um verdadeiro estropilho fonética e gramaticalmente baralhado e frustrado na argumentação a que se propõe.
Aborde a prosa universo "privado" ou a promoção do "público", nada parece servir o convencimento da acentuação que insiste em perpetuar-se ora à (´) direita, ora à (´) esquerda. Tão depressa o acento "grave" se faz surdo aos imperativos sérios como o "agudo" severo aos sofridos suspiros.
Irra!!!!

Por defeito profissional desenvolvo expontaneamente preciosismos e uma disciplina de ordem estética e ritmo musical que não só me condicionam a naturalidade da escrita como criam com ela uma relacão conceptual em modos degustativos muito personalizada: textos que se estruturam devagar e demasiado extensos para o generalizado monitor de 17 polegadas; propostas harmónicas complexas (com certeza arrítmicas para o leitor comum) e plásticas informais que só o próprio reconhece e sabe interpretar.
Irra!!!!
Tecnicamente: a CLAREZA IMPOSSÍVEL da subjectivação dominante, o ENTENDIMENTO ADIADO pela lonjura da acção, A DISPERSÃO TEMÁTICA resultante de quimeras líricas, O GRAFISMO INEFICAZ E ILEGÍVEL porque electronicamente limitado à edição básica e UM PRETENSO SURREALISMO GORADO porque apesar do imaginário que o sustenta ser rico de vivencialidades, é pobre de referências comuns aos leitores.
Resumindo???? UMA INEVITÁVEL ESCRITORREIA ADICTA DO GERÛNDIO.

Orações imperativas que interrogam, construções inflexivas que reflectem, categorias onde não há coerência nos pares, sinónimos forçados e antónimos sem força, advérbios de modo sem modo algum, sujeitos pluralizados em democracia ou colectivos reduzidos a uma singularidade injusta.
UMA PANTOMINA DE IDEIAS E PÍXEIS PARA FAZER DE TEXTOS PERPLEXOS OS DIAS REFLEXOS NA BLOGOSFERA!!!!
Irra!!!!
Nos tempos idos, muito idos, o espaço assumia concepções simples - por primitivas - e reduzia-se à multiplicidade mais ou menos ordenada porque esta não passava das noções básicas das direcções enquanto localização. O mais simbólico que se conseguia era a associação a determinadas manifestações sensoriais (associadas às direcções) e que hoje estão mais que ultrapassadas pela infinitude das dimensionalidades objectivas e subjectivas que o pensamento e a estética contemporânea consegue.
Esse espaço físico (finito) e o que em torno dele se imaginava mítico, tem, por exemplo nos blogs, uma espacialidade onde tanto o acento "grave" como o "agudo" podem deliberadamente afastar-se do rigor gramatical e, numa propositada desconexão, posicionarem-se como instrumentos de uma linguagem física.
Critérios tradicionais como os "conceitos polares" da direita e da esquerda, pervertem-se e desconstroiem todo um universo lógico de símbolos e valores a eles associados e relativizam a "escrita correcta", porque têm como propósito realizar outra percepção e interpretação dela.
Um blog é uma imensurável tela branca digital que um "eu" pincela compulsivamente com tipografias digitais para deleite e gáudio do próprio e dos que o lêem.
Um infinito esboço luminoso onde momentos (ou fragmentos deles) não acabam nem começam e são a expressão de um personalismo mutante individualizado pela tecnologia electrónica que procura eco no exterior.
O blogger tem ainda consigo o vasto horizonte cibernauta do saber vivo, real e fidedigno(?) que lhe proporciona o imediato acesso ao conhecimento e quem o representa nas suas latitudes mais imagéticas.
Aborde a prosa universo "privado" ou a promoção do "público", nada parece servir o convencimento da acentuação que insiste em perpetuar-se ora à (´) direita, ora à (´) esquerda. Tão depressa o acento "grave" se faz surdo aos imperativos sérios como o "agudo" severo aos sofridos suspiros.
Irra!!!!

Sigam-me... Agora que o PS já não é o mesmo e a Direita apanhou essa boleia, sobra-me um Governo de esquerda diferente com os outros partidos surpreendidos e uma nação política a esmifrar, salvo seja, no blog.
Precisa de novas abordagens este verdadeiro ecossistema pupulante onde Sócrates deixou moralmente o lado da revolução (comummente o lado dos mais fracos e oprimidos) e das forças progressistas. Ora, a Direita está mais forte, conservadora e reaccionária (a meu ver, escusado será lembrar).
O Santo que escreveu «se Deus estiver à direita nada nos abalará» não só era de direita como estava profundamente equivocado de Justiça. Porque assim Deus está do lado das trevas, do mundo da ignorância exploradora, da violência e da desumanidade globalizante.
Na actual geografia política a energia fértil e a luz justiceira deambula perdida e sem assento parlamentar condigno!
Esta esquizofrenia gráfica na acentuação tratar-se-á porventura de alguma subversão a esta fé maioritária na grande cabala socialista?
Não posso negar o estado latente de algum distúrbio e a desordem "psíxilica" deste superego bloguista que parece realçar um romantismo ideológico sofrido pela tendência direitista do mapa nacional.
O irracional e inconsciente protestam por alguma acção pessoal ou relação urgente (no seu entender necessária) para provocar algum efeito passional?
Esconderão os acentos um efeito subjectivo à realidade objectiva das últimas eleições?
É que eu, que os tenho bem assentes na memória e no pulso teclista, não tenho como compreender e justificar a reincidência característica desta escrita exterior que me parece mais uma sintomatologia interior.
Aborde a prosa universo "privado" ou a promoção do "público", nada parece servir o convencimento da acentuação que insiste em perpetuar-se ora à (´) direita, ora à (´) esquerda. Tão depressa o acento "grave" se faz surdo aos imperativos sérios como o "agudo" severo aos sofridos suspiros.
Irra!!!!

Em última instância invoco para minha defesa as teorias psiquiátricas que associam ao comportamento dos esquizofrénicos imagens e acções antagónicas, mas a identificação real do que desejam ser. Ou seja, o que mostram é o que realmente são.
Assim, abandono a cisma e arrumo de vez esta história dos acentos "graves" e "agudos" e volto a estender o ego à espiritualidade bloguista que é o que dá gozo. Sem Mais.
(Irra!!!!)