Sexo-expresso (XXIV) ou O sexo filial do futebol (1)
«O presidente do Manchester United, Roy Gardner, e dois administradores não-executivos apresentaram a demissão, no mesmo dia em que Malcom Glazer nomeou os seus três filhos para a direcção do clube. AS demissões dos administradores Jim O'Neill e Ian Mutch e do presidente Roy Gardner, ontem anunciadas no site oficial do Manchester United, aconteceram na sequência da compra do clube pelo magnata norte-americano Malcom Glazer...» (Público, 2005)
Separam-nos os modos de militância mas une-os a mesma ambição: o sucesso da sua organização através das vitórias aos adversários e a continuidade comprovada dessa qualidade que os superioriza de tempos a tempos na história do desporto.
Podemos ser menos afortunados no hemisfério privado, mas no futebol (uma autêntica socialização de clãs) tentamos ser os melhores dos melhores e trata-se de uma modalidade com provas reconhecidas na terapia do "método das transferências afectivas e realizadoras".
Até nos podemos sentir uns falhados em muitas outras vivências (do foro público ou privado), mas enquanto representantes d'O clube que conquistou a glória d'O troféu, tornamo-nos potenciais individualidades de protagonismo social e visibilidade entre os outros.
Tenho uma amiga que pouco dista de mim em idade (só eu, já concentro 34 anos) e tem comigo várias cumplicidades. Mas se há coisa que nunca hastearemos juntas são os triunfos do seu Sporting.
Foi-me sempre difícil de entender como é que uma jornalista premiada mais que uma vez, quase se amargura em jeitos kafkianos perante os reveses dos sportinguistas!
Como é que uma economista agraciada pelos melhores renega subitamente todo o seu discernimento lógico aliado à genialidade de converter o inimaginável numa qualquer fórmula de números e equações, para se fazer acólita do infortúnio ocasional e da fatalidade aleatória tão natural no futebol!
Espantoso!!!!
Como é que uma nostálgica de lagostins, cerveja e praias de Moçambique que ainda a fazem babar-se sempre que a memória lhe decide importunar a sua pacata urbanidade, consegue passar horas na 2ª Circular em acenos amistosos para gente que nunca viu na vida e não voltará a ver.
Como é que uma jovem com um índice de inteligência que não lhe cabe nas saias de corte modesto, quando uma táctica brilhante não concretiza o êxito ainda consegue seduzir os "enxutos" da fé nessa divindade listrada a verde e branco que o triunfo não tarda e que «não conseguiram, mas foi táctica brilhante meus senhores»!!!!!!!
Espantoso!!!!
Uma coisa é certa, nestes tempos de quotidiano invariavelmente insípido, há uma certa magia no futebol. Só pode!
Ou acreditam que conteúdos como «confirmar o Sporting como a maior potência desportiva portuguesa, guiada por esses horizontes europeus» de Dias da Cunha podem servir outras causas?
Não, claro que não.
Era como Salazar a propósito das colónias ultramarinas: «avançar no caminho da consciência política e da organização administrativa dos territórios de além-mar...» (1962).
Tratam-se de códigos "unificadores" e inseridos em discursos de apelo sentimentalista que, a mim, sempre me arrepiaram a consciência habituada à modernidade individualista e auto-suficiente.
Simplificando, quando um indivíduo menospreza a participação ideológica e o seu lugar na esfera social, quase só restam três coisas que o podem despertar e incentivar para acções concertadas: a família, o sexo e o futebol.
Sobre sexo, nunca esmiuçámos detalhes de alcova, mas bem intencionado e com alguma qualidade deve ter sido, porque já cá anda uma filhota a atazanar todos como nunca vi (sai á mãe danada!).
O que lhe sobeja então de amores? O DO SEU CLUBE, CLARO ESTÁ!
E que amor, meus senhores!!!!!
Mal lhe nasceu a filha e muito antes do padreco lhe pingar a cristandade pueril, já Ana Rita tinha número de sócio, a vestimenta exclusiva dos leoninos e tudo a postos para a sua primeira sessão fotográfica na maternidade.
A sério! A primeira das primeiríssimas "chapas" que a gaiata vai ver no seu álbum fotográfico não será a recém-nascida inchada e vermelha porque cuspida violentamente e estremunhada com a nova luz exterior que a envolve (mais a bela da sua "genitália" amorfa que lhe chega quase ao pescoço).
Não, não terá outro remédio senão contemplar-se num retrato humilhante e que destrói o único encanto dos nados-vivos que é aquela nudez quase assexuada.
Ver-se-á numa espécie de máscara de carnaval - a sportinguista - e que nada tem a ver com os costumeiros «bilu, bilu» nas bochechas e os nossos dedos grossos a explorarem-lhe as pregas moles e bem cheirosas com que veio plácida ao mundo.
(...)
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