domingo, janeiro 23, 2005

Sexo-Expresso ou O Sexo na expressão de outras artes (I)

Sexo é sexo, e é pedra filosofal para todos nós, primatas dominadores, não nos comermos vivos - 'comermos' na cultura canibalista subvivente e não na literacia das necessidades lascivas, como a exibicionista e jocosa expressão "de comer" alguém.
E o sexo, meus amigos, quando desbragado é puro exercício de (as)sexualidade mundana e primitiva onde se diluem as hierarquias porque é pura emergência orgástica.
No orgasmo não há Homem ou Mulher, somente corpos como instrumentos de sexo, pese embora o facto da sua expressão masculina parecer a dominante por ser a 'armada'.
Vem isto a propósito do desabafo publicado do tão em voga opinion-maker Pedro Mexia, de que «a Matemática, tal como o sexo, é coisa que o enfastia causticamente... que o seu raciocínio, pouco inteligente (é ele que o afirma), é mais dado aos delírios e utopias das artes várias».
Declara com peito inchado de extensas referências literárias que 'coitadinho', que «o sexo nunca lhe deu a satisfação, glória e reconhecimento como o fizeram as letras» e quase sugere subtilmente alguma impotência (permitam-me o afoito) ao longo da palavreada sobre Portugal e o seu problema com a Matemática e o Sexo, que nunca se chega a perceber qual é.
A conclusão a que eu chego desta última prosa (leio-as sempre!), é nenhuma e alguma, ou seja, não percebo se Pedro Mexia sabe o que é sexo e o que na escrita erudita pode haver e não se dar com ele (até porque quem não o pratica...).
Se sugere que os portugueses tem tantos problemas com a Matemática como com o sexo, quando é sabido que o que dá dores de cabeça nunca é o sexo mas o seu universo afectivo e consciente - o Amor - que para consumar o sexo bastamo-nos primitivos.
Pedro Mexia consegue ser mais infeliz do que eu, que achava que a minha sexualidade me estimava e só pecava pela simples razão de nunca poder vir a ter a oportunidade de sentir a supremacia sexual do poder masculino 'armado'.
A mim resta-me a imaginação erótica e a criatividade erógena, já que um falo nunca arranjarei para minha satisfação, a Pedro Mexia (se lhe importar) talvez no seu mundo das letras se cruze com Bocage, Henry Miller, Simone de Beavour, Natália Correia, etc, e descubra que o sexo está para o corpo como o afecto para o intelecto, e que os dois em combustão são de pedir por mais.