segunda-feira, janeiro 17, 2005

Amem-se em casa hoje para que amanhã a impessoalidade cinzenta de um hotel não vos sirva fria a libertinagem erótica e a individualidade libidinosa

E por que querias de querer a minha alma na tua cama?
Disse por palavras líquidas, deleitosas, ásperas, obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo, prazer ou lascívia
nem omiti que a alma está além,
buscando aquele outro.
E te repito: porque haverias de querer a minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo.
Obriga-me.

"Do Desejo" – 1992 ou bocados de Hilda Hilst