terça-feira, setembro 13, 2005

«Nous Sommes Tous Américains»?


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A montagem perfeita para uma ilusão do que George Bush não fez, mas representou.
Já 30% da superfície Nova Orleães se encontrava debaixo de água e valores como solidariedade humana e luta democrática para a manutenção da paz/liberdade no mundo (como os 'exercícios' fanáticos no Iraque), verificaram-se, afinal, que se tratam de valores éticos de causa provável e não princípios cegos da política social americana.
Enquanto a comunidade negra (80% daquele povoado suburbano) se arrastava para fugir da sobrevivência violenta dos assaltos e confrontos selvagens entre os sobreviventes, em Nova Iorque homenageavam-se as centenas de mortes do ataque terrorista de 11 de Setembro - números muito inferiores aos da comunidade atolada em águas, lamas e destroços.
Pela primeira vez na história americana, o tráfego aéreo sobre os EUA foi quase totalmente suspenso por três dias, com encerramentos, cancelamentos, adiamentos e evacuações de tudo o que se mexesse e pudesse constituir um ataque terrorista.
A "Guerra contra o Terror" de George Bush revelou um sistema democrático impiedoso para quem 'O' ameça e capaz de reunir mecanismos de segurança e respostas de urgência como nunca assistimos.
Pela ocasião, o "Le Monde" evocou em manchete o que, inquestionavelmente, unia todo o Ocidente e 'mundo civilizado': «Nous Sommes Tous Américains» («Somos todos americanos»).
O que é feito desta generosidade abundante...
Parafraseando Eduardo Prado Coelho sobre valores 'hasteados', estaremos perante a perturbante amoralidade da ideologia
americana que tem «como princípio básico a defesa de certos interesses (ideológicos) sob a capa da identidade mítica dos valores»?