quarta-feira, novembro 10, 2004

Linfócittos arranjou um cão (aliás, cadela...)

- Olá!… Mas o que é isto?
- Não percebo.
- Um cão…. o que é que andas a fazer aqui sozinho?
- Sim um cão. Não percebo porque é que vocês humanos fazem tanto isso. Espantam-se com o que não tem nada de espantoso ou sugerem excepcionalidades onde não as há, como se a evidência por si não bastasse.
- Como?...
- Só posso ser um cão porque só me identifico com o que vocês chamam de cão e um cão, salvo excepção, não tem nada de espectacular nem é bicho-raro ou do outro mundo, o que invalida a tua admiração.
- Sim, mas…
- Vês-me com alguém por perto? A lógica dir-te-á então que sou um cão porque me pareço com um cão e estou sozinho dado mais ninguém se encontrar ao meu lado e comigo.
- Já percebi que comecei mal contigo e sem intenção safaste-me.
- Agora quem não percebe sou eu.
- Estamos num blogg. Chamo-me Linfócittos – com dois tt’s – e tu és o primeiro personagem vivo do meu blogg. Acho que nos podemos divertir os dois.
- Os dois…
- Primeiro tenho que te dar um nome e um perfil psicológico que me parece que acabaste por ser tu próprio a defini-lo. Espera! Tens que viver comigo para eu te poder conhecer e falar de ti!
- É-me indiferente. Os cães não são propriedade de ninguém a não ser deles próprios e mesmo isso não é claro, porque não configuramos os lugares e os valorizamos como coisas distintas entre si e para nós. Ontem ‘era’ de alguém como tu e hoje ‘sou’ teu como 'era' do de ontem, tempo esse que é sempre o mesmo para nós. Vocês é que não sabem 'ser' sem estruturar um espaço, num dado tempo e com uma determinada função…
- Acho isso muito interessante mas se não te der um nome não tenho como te dar forma, jeito e acção.
- É-me indiferente, eu sou cão. Aliás, cadela...

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