domingo, julho 24, 2005

Sexo-Expresso (XXI) ou o Sexo dos estudos

«Não conheço esse estudo que diz que as mulheres inteligentes têm mais dificuldade em casar. Acho credível que a generalidade das mulheres e, aquelas que, em particular, encontram níveis de satisfação agudos numa qualquer actividade (intelectual ou não), apresentem uma maior capacidade de autonomia o que os homens. O que me parece é que as mulheres têm uma prática milenar de articular certos saberes paralelos e é sabido que as práticas influenciam as formas. Se esse aspecto teve ou não tradução nesse estudo, não faço ideia. A verdade é que á mulher sempre coube a gestão das diferentes relações sociais. Parece-me plausível que a sabedoria e a argúcia que desenvolveu se possa capitalizar em maiores agilidades, quando aplicada noutras frentes».
Paula Moura Pinheiro

Para os designers a realidade inspira a estética dos criadores, técnicos especializados e ao serviço das múltiplas necessidades do consumidor - mesmo que pouco esteta.
O que é preciso é que se identifiquem no quotidiano os problemas da qualidade de vida e as suas particularidades, tais como: uma população em geral envelhecida pela longevidade que a ciência e a redução da mortalidade infantil permite; a heterogeneidade do estado civil, a qualificação variada; as assimetrias de rendimentos e poder de compra; etc.
Um tecido social de homens e mulheres que procuram a permanente experimentação das suas capacidades sexuais intercaladas com novos produtos e ambientes eróticos. A tendência é para um futuro onde a líbido e o erógeno se estimulem e procurem vivenciar na novidade e mudança constante e assimilando as novas tecnologias e materiais.
Por exemplo, nos objectos eróticos de uso quotidiano, estamos rodeados de obstáculos á autonomia e qualidade sexual dos mais graúdos que têm o bestial Viagra mas já não se mexem como quando eram jovens.
Os designers consideram que o seu conhecimento é vital para dar resposta á aparente discordância entre os objectos inovadores que proporcionam e a sexualidade pós-moderna que goza de uma vitalidade ainda com limitações.
De que modo o design e o seu constante estudo das formas pode ajudar um septuagenário com uma erecção juvenil, mas já sem a flexibilidade para satisfazer uma parceira na cama? Como funcionalizar um aparelho estimulador para o jovem deficiente mas ainda presente das suas necessidades masturbatórias? Como impedir que um cego entre em curto-circuito com o incorrecto manuseamento desse estimulador eléctrico? E um analfabeto? Como ler na bula da embalagem e escolher o preservativo ideal ou a sessão erótica no cardápio?
Os profissionais da criatividade confessam não ter ainda estudos suficientes para uma visão globalizante mas já se concretizam algumas linhas de acção como, por exemplo:

- na informação escrita dos produtos pornográfios para os mais velhos, os designers evitam a utilização de caracteres pequenos e difíceis de diferenciar;

- para a perda da sensibilidade visual assegura-se a acentuação dos contrastes cromáticos na roupa sensual e um código especial para os materiais sadomasoquistas de forma a evitar acidentes graves;

- recorrem-se a ícones mais simplificados para a identificação das características energéticas dos utensílios eléctricos e digitais; etc.

Em suma, desconstruir toda a linguagem tradicional da realidade dos acessórios e imagética sexual para atender á revolução das práticas sociais e privadas de sexo que, num futuro próximo, que se adivinha potencial e sem tabus.