sexta-feira, dezembro 03, 2004

«A montanha pariu um rato em Julho»

Para o Senhore Iscelente Presedente da Nação do Portugal

É cá para a minha pessoa e para toda a família uma honra maior tê-lo como nosso Presedente e se o Senhore achou por bem despedir os governados e os seus empregados todos, porque não cuidavam bem da casa, porque desarrumados e de jeitos «pouco rulares e transparentes nas instuições democrátias do nosso Pais», acho que foi assim que o Meu Presedente falou, quero desde já dar-lhe a minha atenção toda no que bem precisar.


Eu não cheguei foi a perceber bem se o Meu Presedente estava a castigá-los pela carga de trabalhos que lhe deram se pelas intenções que pretendiam, embora desconfie mais da primeira razão.
Cá por casa - e olhe que somos católicos e devotos ao domingo - todos já andávamos a comentar alguma desconfiança dos governados e que haviam coisas que nos convenciam de pouca moral e justeza.
Noutro dia, na televisão, havia um senhor, até bem compostinho, que não sei se governado se empregado (mas isso não vem ao que interessa), estava eu dizendo que noutro dia a televisão falava que «seria oportumente ético, de urgência moralizora e de transparência democrátia, que a legimidade representiva fosse respeitada e levada ao final» (como a vontade de Deus concerteza…), o que não entendi bem e perguntei ao meu marido.
António disse-me que queria dizer que alguém ficaria a ‘chuchar no dedo’, que seria inevitável, até mesmo para os empregados que nos querem, nós o povo, nos querem por bem.
Ele até me avisou logo que não contasse com o aumento dele que se o Senhore Meu Presedente despedisse os governados como disse que ia fazer, até Abril do ano que vem só podíamos contar com a limpeza e manutenção do Parlamento.
Imagino que fiquem em banho-maria como muitas coisas cá por casa - que isto de obras feitas pelos homens eu sei muito bem como é que é – e o meu António diz que não é só o aumento dele mas também o centro de saúde cá da freguesia e a estrada velha da Praça de Santo António que ia ficar como nova.

Isso é muito triste nesta altura do Natal sabe? Mas quero desde já dar-lhe a minha atenção toda no que bem precisar, porque o que vier de si, sei vir sempre por bem.

Olhe, se a gente vive já alguns anitos com os «duodémios» que o Senhore Meu Presedente quer agora dar aos governados, eu não vejo porque é que eles, que afinal são todos filhos de Deus, porque é que esses senhores não querem e dizem não conseguir viver assim.
Nós cá em casa de fartura só conhecemos aquelas que comemos na Feira de São João, portanto porque é que eles não podem também?
António diz que é como uma promessa a Fátima, há que esfolar os joelhos para prova de bom nome e honra e diz que se os governados se quiserem dar ao respeito da gente, vão para casa até ao ano que vem e só voltam aqueles que a gente quiser e escolher com democrátia.
Nós já apertamos o cinto há muito tempo e podemos apertar mais se o Senhore Meu Presedente quiser, que dos governados o meu marido diz que só a Divina Providência é que há-de saber quem merece a estima do nosso povo e do Portugal.
O padre da freguesia, homem novo e com dedicação às nossas gentes, disse na última missa que «a montanha tinha parido um rato em Julho».

Não entendi bem como é que uma coisa tão grande pode parir outra tão 'loisa' mas olhe que eu pego na vassoura se for preciso para matar outro que por aí venha, porque quero desde já dar-lhe a minha atenção toda no que bem precisar, porque o que vier de si sei vir sempre por bem, que António diz que Deus fez-se para os que não têm nada e a República para os remediados.