sábado, outubro 01, 2005

Para Alegre, José Sócrates foi o primeiro de um conjunto de factores políticos que anunciaram uma nova era no PS

O PS já não é o mesmo... não pode!
Nas eleições para a direcção, João Soares paga a factura do seu trabalho autárquico - ambíguo e de lobbys - e descobre que não sucede ao personalismo de seu pai Mário Soares, o abrilista.
A candidatura de Manuel Alegre e José Sócrates revela um partido de espinha bifída e surgem as primeiras facções de notáveis e quadros cruciais entre socialistas e na sociedade civil.
Colagens à esquerda da Esquerda, colagens à direita da Esquerda, Alegre e Sócrates representam um partido em redefinição e à procura de novo ego democrático entre o socialismo moderado (herdado ideologicamente de Guterres e dos independentes dos Estado Gerais) e a austeridade tecnológica que a direita sempre assegurou como parceiro estratégico dos sectores do capital.
O PS já não deve ser o mesmo...
Perante a maioria absoluta nas legislativas, José Sócrates relança a "independência institucional".
Forma governo com mais de metade dos ministros a pertencerem à militância de cortesia e sem compromissos com as cúpulas do PS e ainda congratula alguns independentes e, como tal, intocáveis.
Agora nas presidenciais...
Terá sido o PS ou Mário Soares que entretanto mudaram?
Contra quem se candidata Manuel Alegre?
Contra Sócrates?
Contra Soares, apoiado por Sócrates que aparentemente não teve tempo de escolher melhor concorrente face ao disciplinado e potencial Cavaco Silva?
Para o PS, o abrilista já não é garante da democracia fiscalizadora como Chefe de Estado? Já não é compatível com o pensamento único do PS e apenas pretende exclusivismo histórico?
Quem é o quê, e o que quer?
«É inútil reescrever a história ao sabor das conveniências e tácticas do momento ou de meras jogadas politiqueiras. O PS não entra nesse jogo. Por uma questão de princípio. Porque não precisa. E porque nas horas decisivas, com Mário Soares à frente, esteve sempre onde era preciso estar» - Manuel Alegre aos deputados da Assembleia da República, 1996