sexta-feira, outubro 08, 2004

Fernando Pessoa

O desgosto de não encontrar nada, encontro comigo a pouco e pouco.
Não achei razão nem lógica senão a um cepticismo que nem sequer busca uma lógica para se defender.
E, curar-me disto não pensei - porque me havia eu de curar disso? E o que era ser são? Que certeza tinha eu que esse estado de alma deve pertencer à doênça? Quem nos afirma, a ser doença, que a doença não era mais desejável ou mais lógica ou mais (...) do que a saúde?
A ser a saúde preferível, porque era eu doente se não por naturalmente o ser, e se naturalmente o era, porque ir contra a Natureza que para algum fim - se fim ela tem - me quereria ela decerto doente?