Quando nos revemos nos outros
Perguntaram-me um dia quem era. Respondi: sou quem quiseres.
Sou Sujeito no Singular e no Plural. Mulher e Homem, que questões de sexo diluem-se neste espaço cibernético. A bloggosfera encarna, talvez, a Democracia perfeita, apanágio do livre arbítrio (Demos da Ordem, dirão outros).
Somos quem queremos. Entidades unas e colectivas, não primasse esta auto-estrada pela Pluralidade das Ideias e Sentidos. Isentas do sexo perfeito e hermafroditas do Pensamento Livre. E notem que este de casto não se lhe conhece nada, a não ser o que nele convence de puro e inocente.
Sou Orfeu, cantor grego que recebeu das mãos de Apolo uma harpa e a quem as musas ensinaram a arte de cantar. Onde, segundo escreveram, impressionava até os próprios rochedos de Olimpo, tais eram seus dotes e prodígios.
Posso reencarnar Sophia de Mello Breyner ou Marilyn Monroe, que afinal não era loira e mortalmente inteligente.
Sou Dalai Lama, herói dos espíritos iluminados e também sou Isaac Luzia, judeu bem antigo (XI), mas contemporâneo das tuas humanidades: “A Compaixão, que suaviza o Julgamento/a Graça, que destingue a Austeridade da Violência/sustentam o Mundo para Novas Luzes”...
Também me encontrarás no rosto difuso e enigmático de Greta Garbo ou na irrequieta irreverência de Mafaldinha.
Se preferires, sou Rick Blaine e podemos falar de mulheres belas. Conhecer estranhos em Casablanca e oferecer-lhes um bom uísque de malte. Depois deixamos Marrocos e seguimos para França, onde te aguarda Joanne D’Arc, mulher inesperada e fantástica.
Imagina-me por exemplo Corto Maltese, esse marinheiro solitário dos teus mundos tímidos. Ou Mário de Sá-Carneiro, que tão bem nos explicou: “Sou dois a sós./É como se esperasse eternamente/a tua vida certa e conhecida”.
1 Comments:
Cá por mim, não me importava de ficar com a Mafaldinha
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