Circunstâncias da vida (I)
A vida tem destas coisas. Hoje descobri que não faço falta.
Faz meu pai, homem de prodígios intelectuais e ansiosa humanidade, que dedicou suas dádivas forças a este Portugal dos Pequeninos.
Fazes falta, pai impulsionador.
Faz minha mãe, leito apaziguador e companheira das contrariedades desse mesmo homem.
Fazes falta, mãe, que foste o ventre das suas angústias.
Fazem então os dois que me geraram, a mim e minha irmã mais nova, na esperança doutro mundo futuro. Um Mundo jovem, um Mundo Novo.
Faz falta essa minha irmã mais nova e única, essa sim, em perfeita sintonia com a simplicidade e modéstia dos seus dias.
Fazes falta irmãzinha, tu que és a prova viva da alegria e do amor do fruto gerado.
Esse fruto que em mim apodreceu mas que em ti se revelou a semente multiplicadora da generosidade, da partilha e da memória conquistada.
A vida tem destas coisas. Hoje descobri que só faço falta lá em casa, aos dois cães que mesmo que não me queiram têm que me aturar.
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