Informação "deformada"?
A Sociedade de Informação e os profissionais que a ela pertencem estão, actualmente, em ampla reflexão e discussão sobre a temática da Ética e a Legitimidade do seu envolvimento (ou da instituição que representam) na contextualização política, social, cultural e cívica dos factos que mandam cá para fora, para a isenção da notícia que produzem.
Simplificando: deve ou não a notícia transparecer opinião ou tendência opinativa, seja pela omissão de factos ou sublimando outros por favorecimento dos mesmos?
Não sei se será simples condicionar racionalmente o jornalista ou o veículo informativo para a simples apresentação factual da notícia.
À partida, e no meu leigo conhecimento, imagino que a produção de uma notícia pelos profissionais (também vulgos cidadãos com opinião), implica essencialmente a avaliação e síntese de um facto, real e confirmável, para construir a notícia no que ela foi de excepção. Como extrair do facto a importância que faz dele notícia e isolá-la do valor noticial que representa para o profissional ou para aquela instituição, que nem sempre está directamente relacionado com o acontecimento em si?:
- (a) A simples conversão da imagem, acção, sons e cor para o formato escrito não implica a interpretação do "acaso", sempre relativa para cada um?
- (b) A contextualização social, cultura, política, etc., da sociedade vigente não interfere inevitavelmente com a avaliação da importância que os factos têm?
- (c) A Imprensa Escrita e os Media não se transformaram-se, nos dias de hoje, em fortes e vitais instrumentos de poder para as várias classes sociais, populares e elitistas?
- (Etc...)
Como leitora conto, acima de tudo e de todas as suspeitas, com a honestidade intelectual e a garantia do rigor e da inquestionável verdade da notícia, facto e até mesmo opinião. Entendo a Imprensa Escrita e os Media como o grande pote no fundo do arco-íris do Testemunho do Mundo.
Sem eles não adquiro o conhecimento, não cresço como cidadão informado e culto...
Não compreendo, nem aceito que este mo seja facultado com Preconceito, Relatividade, Favorecimento, Manipulação ou Mentira .
Quando li no "Diário de Notícias" de hoje:
- "Dos 300 cidadãos portugueses que estavam retidos em Cuba, por causa da aproximação do furacão Ivan, 40 já regressaram a Portugal. Na ilha continuam 260 turistas nacionais, que estão a ser aconselhados a não deixarem os hotéis de categoria superior ou a procurarem abrigo nos túneis militares, pela primeira vez cedidos à população." (...).
Li, constatei a passagem do furacão Ivan a poucas horas e pensei quantos conterrâneos meus não estariam com a população cubana em momentos muito difíceis. No entanto não deixei de sentir o subtil "preconceito (in)formado":
Parece-me suspeito o jeito de destaque da acessibilidade aos "túneis militares, pela primeira vez cedidos à população", quando todos sabemos que instalações militares, em qualquer lado do mundo, são equipamentos de interesse estratégico, militar e de segurança nacional para qualquer nação. Logo inacessíveis ao cidadão comum. Procurei à lupa porque "... pela primeira vez cedidos à população", e esperava encontrar qualquer coisa como, por exemplo, serem de recente construção. Não encontrei qualquer explicação para essa ressalva.
Fiquei com a subtileza no sapato e só me ocorria que: HÁ UMA PRIMEIRA VEZ PARA TUDO!!!!!
1 Comments:
beijos.
continua.
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