A solidão dos blogues
Considero-me amadora, senão básica, nesta coisa dos bloguistas que agora vinga para todos que têm comichão nos dedos e inquietudes de filósofo. Só a criá-lo demorei quase uma semana.
(Calma, não exagerem. Pouco me vale o facto de ter que o fazer no emprego aos bochechos porque ainda não consegui comprar um computador. Notem: aos bochechos durante meia-hora por dia, durante uma semana de trabalho louco e ainda por cima à socapa. Tive que medir forças com o Cérebro-Servidor da empresa que entende (por ordens de um “duvidoso” Gestor de Informática), que os usos são cegos e accionados só no sentido dos objectivos produtivos e directa/exclusivamente relacionados com o mundo do seu Produto e da sua empresa).
Esclareço, com toda a modéstia, que “amadora e básica” compreende não só a operacionalidade da própria linguagem do Blogue como também a verde e ingénua capacidade reflectiva, racionalista e filosófica.
Já me estiquei neste registo, como diria um amigo meu, que com toda a ternura me chamou um dia à atenção:
- “Vi o teu blogue. Tens uma imprecisão na frase que o encabeça, sabes? Está giro, mas fazes comentários muito longos sabes? Vê lá se arranjas o texto, vais ver que fica muito melhor. Não achas? Faz lá isso que eu depois digo-te como ficou. Eu depois vou lá ver, está bem?”
Uma simpatia, não acham!? Uma ternura evidente, não vos parece? Gracioso, não é? (Achei que foi pouco tolerante, afinal fazia uma semana nestas andanças...)
Como sei que ele mesmo está neste preciso momento a ler isto, vou mas é concretizar o headline para que me entendam e tu junto:
Sou solitária por natureza (1), deformação/formação (2) e educação (3).
Quando me disseste um dia que eu devia propor-me a escrever com seriedade e empenho, não te levei a sério sabes?
Tínhamos partilhado demasiados livros lidos nas férias. Tudo se sublimava aos olhos um do outro, essa sedução/revelação pela escrita. O que agora se configurou num blogue, na altura desconfiava qualquer um. Convenceste-me sem que eu tenha dado por isso:
- Em 15 dias me viciei na leitura e interpretação destas novas escritas. Reconheci imediatamente a bloggosfera como mais um instrumento para o conhecimento e de deleite intelectual (3)(2).
- Construí o meu próprio blogue e trato da sua higiene diariamente como se dos meus cães se tratasse (2)(3).
- Quando não arranjo Internet em algum lado, respiro muito fundo, fico nervosa e sinto-me ansiosamente só (1). Mais só do que antes. Eu que já era muito só com os meus livros, jornais, escritas tímidas, etc…
Sabes uma coisa? Também te acho uma pessoa só…
Isto dos blogues tão depressa nos liga ao mundo dos outros como nos ilude. Construímos o nosso e vivemos narcisicamente demasiado confortáveis nele. Na solidão dos blogues...
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